Nem sabia mais a quanto tempo aquela inquietação estava ali. Ela apenas sentia, e sentia que a sensação crescia, como o ser que descobrira crescer dentro dela. Um ser não planejado, um ser sobre o qual nem mesmo conseguia falar a respeito. Um ser que era o seu segredo, assim como aquela inquietação.
Pintara o cabelo, trocara os móveis de lugar, mas nada fora capaz de dar jeito naquilo que a corroía por dentro, naquela sensação de saber que algo estava errado, muito errado com a sua vida. Continuava sorrindo quando as pessoas lhe diziam o quanto ela era sortuda pelo noivo perfeito e apaixonado que tinha, pela casa tão lindamente decorada em tons de branco e lilás, pela médica sensacional que se tornaria em poucos meses, mas o sorriso não era mais vivo como antes. Aliás, nada mais parecia ter vida ali e ela se sentia apenas como um espectro, já sem vida, naquele imenso quadro sem cor ou qualquer emoção para lhe dizer que ainda havia esperança.
Não, ela sabia que não havia mais qualquer esperança e foi por isso mesmo que tomou sua decisão assim que abriu a gaveta da sala e viu o objeto pontiagudo. Fora um presente dele e ela sabia que provavelmente ele nunca se recuperaria daquilo, mas ele precisaria entender que ela não tivera escolha. Ela precisava voltar a sentir paz, era só isso que ela buscava.
E a última coisa de que se deu conta foi de que ela não estava mais lá. A inquietude finalmente sumira. E, em paz, sorriu.
UaU, esse foi bem profundo, sorriso não chegando aos olhos, aparentemente tinha uma vida “perfeita” + faltava algo, e esse algo por + simples e banal que seja, chega uma hora que transborda, por que na verdade a vida é feita de pequenos detalhes.
“por que na verdade a vida é feita de pequenos detalhes.” É isso aí e é a soma dos pequenos detalhes que nos marcam e nos tornam quem somos.
beijos