― Por favor, não chora.
― Não se preocupe, eu não vou fazer uma cena, gritar para todos os vizinhos ouvirem.
― Não é isso. É só que eu nunca soube lidar com o seu choro. Ele dói aqui dentro de tal maneira que quando vejo quero unir o meu choro ao seu.
― Você é estranho.
― Estranho ou não, eu me importo com você.
― Você se importa?
― Claro que sim. E quer saber? Sempre vou me importar.
― Mas…
― Não tem mas nenhum. Não é porque não deu certo que vou deixar de me importar, que vou girar uma chave qualquer dentro de mim e deixar de te amar. A gente só não quer mais as mesmas coisas.
― Nunca entendi esse negócio direito.
― Que negócio?
― De não estar mais na mesma página que o outro. Quando foi que você passou a virar as páginas mais rápido? Ou foi a minha miopia que foi me fazendo ficar cada vez mais para trás?
― Não sei, mas sei que achei linda essa sua forma de apertar os olhos para tentar enxergar melhor. Fica sexy. Na verdade, foi a primeira coisa que reparei em você, parada no meio da Paulista, parecendo perdida, os olhos apertados tentando ler a placa do outro lado da rua.
― Como eu disse… estranho!
― E você, não vai dizer a primeira coisa que te chamou a atenção em mim?
― O jeito de menino despojado com os óculos quadrados e a barba por fazer contrastando com a camisa da Hollister. Aliás, posso ficar com ela?
― Eu achava que você detestava aquela camisa.
― Detesto, mas é pra eu ter algo com o seu cheiro, pra quando a saudade apertar.
― Você sempre pode vir aqui sentir o cheiro pessoalmente.
― Não acho que nossos futuros companheiros vão gostar dessa ideia.
― É, não tinha me dado conta de que você provavelmente não vai ficar sozinha por muito tempo.
― De nós dois, não sou eu quem não sabe lidar com a solidão.
―É, talvez você tenha razão.
― Nove anos de relacionamento e você ainda não aprendeu que eu sempre tenho razão?
― Sempre tão convencida.
― Então… acab…
― Não fala.
― Por quê?
― Porque quando você pronunciar essas palavras e sair por aquela porta tudo isso vai se tornar real.
― Eu não entendo, foi você mesmo quem disse que seria o melhor pra gente.
― Eu sei, mas nem por isso a dor é menor.
― Vem cá. Deita aqui no meu colo. Deixa eu te fazer um cafuné como quando você chegava cansado do trabalho.
― Eu vou sentir falta disso.
― Ei não é justo, não chora…
Lindoooooooooooooooooooo
É tão tocante ver uma relação chegando ao fim, sem brigas, sem traição, apenas notando que não dá mais, mas a pessoa ainda é especial.
Tão verdadeiro, tão tocante, tão respeitoso consigo e com o outro.
Só duas palavras pra essa cronica.
AMOR X RESPEITO
Afagos
Own sua linda! ❤
Não é? Não entendo porque as pessoas têm tanta necessidade de estragar suas histórias. Se o respeito imperasse mais, os relacionamentos poderiam terminar mais dessa forma.
beijos
Lindo texto Taty… Dá pra sentir a cumplicidade do casal, mas dá uma dor saber que é o fim. Me identifiquei muito.
Acho que esse tipo de fim é o que mais dói, aquele que não deveria ser, mas acaba acontecendo. Mas também, ao mesmo tempo, todo término deveria ser assim, né? Quando ambos ainda conseguem se lembrar daquilo que os fez ficar juntos em primeiro lugar. Acho que num relacionamento o respeito é fundamental antes, durante e mesmo depois.
Obrigada pelo comentário. Beijos
Chorei!!!! Que desespero!!! Kkkkkkkkkkkkkk vou te mandar minha conta da farmácia das tarjas pretas!
Maravilhoso e tocante, querida!!! Fiquei arrepiada! Nossa! Viver é tão maravilhoso, mas a vida não é fácil!