– Ei, que vozinha é essa?
– Não tô sabendo lidar com toda essa saudade que estou sentindo de você.
– Um mês passa rápido, você vai ver.
– Sério? Sério mesmo que você disse isso?
– Só estou tentando fazer você se sentir melhor e ver se se eu repetir isso como um mantra se eu consigo ficar bem. Você não é a única com saudades aqui.
– Por que mesmo eu fui me apaixonar por alguém que mora há 450 km de distância?
– E agora a culpa é minha?
– Não é questão de culpa. É só que eu não sei como fazer isso dar certo e tá cada dia mais difícil.
– Eu sei.
– Eu realmente quero que a gente dê certo, mas eu não sei como fazer isso.
– Muda pra cá.
– Claro, porque é simples assim.
– Pode ser, se você quiser.
– Não, você sabe que não pode. Eu não posso abrir mão da minha vida assim, de uma hora pra outra.
– E eu que achava que era a sua vida agora.
– Parte dela sim, mas por mais que eu gostaria que fosse assim, minha vida não se resume apenas ao amor. Eu não posso viver de amor.
– Eu sei. Só estava tentando ajudar. Não gosto de saber que você está triste.
– Não estou triste, apenas com saudades.
– E não dá na mesma?
– Na verdade não. Se quer saber, nunca estive tão feliz. Só não sei o que fazer com essa saudade que me faz querer ser irracional e largar tudo só para estar ao seu lado.
– Eu também nunca estive tão feliz.
– Jura?
– Juro.
– E o que a gente faz com a saudade?
– Deixa ela por aí, porque por mais que doa, do jeito dela ela vai alimentando o nosso amor. Ela pode parecer aquela convidada intrometida, mas do jeito dela, ela só quer o nosso bem. E daqui um mês a gente se livra dela.
– Promete?
– Prometo. Enquanto isso, vai alimentando ela daí, que eu alimento ela daqui e através dela a gente constrói uma ponte, uma ponte em que 450 km são percorridos num piscar de olhos e que só a gente pode percorrer… Ei, que barulho é esse?
– Tô tirando aquele álbum do último Carnaval da gaveta, pra matar um pouco da fome da minha saudade agora mesmo…
Saudade é uma palavra tão bonita, é tão unica, tão sublime. É uma das minhas palavras preferidas da língua portuguesa.
Eu também gosto e como diz o personagem desse diálogo, estou aprendendo que nem sempre ela precisa ser sinônimo de tristeza 😉