Faz pouco mais de vinte e quatro horas que você deixou de existir e o mundo perdeu toda sua cor, seu cheiro e sua beleza para mim. Me pego andando pela casa como um animalzinho perdido depois da mudança, sem reconhecer nada, em busca de um cheiro, de um afago, de um toque de conforto. A verdade é que você deixou de existir e eu não sei como agir em um mundo no qual você não faça parte. Não porque eu tenha me transformado em uma daquelas mulheres patéticas que abrem mão de suas próprias vidas para viver a do outro, mas simplesmente porque eu gostava muito da versão de mim que você trazia à tona. Uma versão que eu tenho medo que suma sem a sua presença. E eu não quero que ela suma, porque ela é tudo o que me resta de você. Mas quem vai me desafiar daqui para frente? Quem vai acreditar em mim quando nem eu mesma acredito? Quem vai me arrancar sorrisos em uma manhã gelada de inverno?
Eu sei que você esperava que eu seria forte como sempre fui, mas tudo parece desmoronar à minha volta e eu não sei se consigo ser forte de novo, se consigo me reerguer. Sinto como se esse silêncio todo fosse me esmagar a qualquer momento e tudo o que eu queria é que você surgisse, nem que fosse uma última vez, para eu poder te dizer de novo o quanto eu te amei, o quanto eu te amo e o quanto sempre vou te amar.
O mundo se tornou cinza, tudo parece ter perdido o sentido como em um filme do Fellini. De repente, sinto como se todas as dores do mundo tivessem caído sobre os meus ombros.
Você deixou de existir e eu perdi o equilíbrio.
É como se faltasse uma parte sua colorida, não que você não tivesse identidade, apenas mostrando o lado que fica mais alegre por receber uma carga de emoção.