Carta para você que eu amo tanto

Houve uma época que tudo o que eu mais queria na vida era ter certeza de que você me amava, que sentia orgulho de mim. Uma época em que esse seu jeito de ser me machucava profundamente. Não vou dizer que têm dias que ainda não machuca, mas acho que estou aprendendo a conviver, ou a aceitar finalmente. Whatever. Hoje, mais do que tudo eu me preocupo com você e acho que isso é sinal de que eu cresci. E o orgulho e o amor eu os percebo, das formas mais tortas e enrustidas possíveis, mas se eu prestar atenção eu realmente os vejo.

Às vezes, eu só gostaria de voltar para aquela relação que tínhamos quando eu era pequena. Quando foi que o medo e a indiferença passaram a imperar? Não lembro, mas sei que foi a partir daí que tudo mudou e temo que para um caminho sem volta. Você reclama que não sabe nada da minha vida, que só fica sabendo das minhas coisas pelos outros e desculpa, mas não vou me desculpar por isso. Não sou a única culpada. Houve uma época em que você era a melhor pessoa para se ter por perto quando eu queria chorar, mas isso também se perdeu. Eu realmente não sei conversar com você, não sei como chegar perto e te contar as coisas assim, do nada. Me pergunte e eu te conto o que você quiser saber, mas eu preciso que você demonstre interesse, que você me mostre que se importa de verdade, que quer saber. E infelizmente eu hoje não vejo mais isso. Esse interesse ainda existe aí dentro? E não digo só por mim, por qualquer coisa, porque é isso que me preocupa tanto em você. Às vezes tenho vontade de te sacudir pra ver se algo acontece, se você acorda e sai desse estágio que me parece ser o de alguém que apenas espera a morte chegar, que vive só para o trabalho, mas que mesmo assim nem ele hoje desperta mais o interesse que despertava antigamente. E você ainda é tão novo, ainda teria tanto o que viver. Mas para isso teria que querer. Você quer?

Apesar de tudo, hoje é seu aniversário e eu não sei se você sabe disso, mas eu te amo muito.