Não se engane, meu bem

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Soube ontem que você andou dizendo por aí que ninguém me conhece tão bem quanto você e fiquei tentando entender o que te faz acreditar nisso. Talvez tenha havido sim, uma época em que você me conheceu muito bem, mas não se engane, meu bem, mesmo nessa época você não me conhecia inteira. E não, isso não tem nada a ver com falta de confiança ou com esconder segredos, mas simplesmente com o fato de que nem eu mesma, que convivo comigo há 30 anos me conheço inteiramente, conheço todas as minhas nuances, como poderia você?

Você enche a boca para falar de mim, como se fosse um especialista, mas não se engane, meu bem, aquela mulher que saiu pela sua porta há alguns meses não existe mais. Ela sofreu, ela chorou, ela se permitiu um curto período de luto, mas então um belo dia, ela acordou. Trocou o preto básico por cores vibrantes, escolheu um novo corte de cabelo, voltou a pintar as unhas e os lábios de vermelho e voltou a enxergar cores no mundo. Voltou a ter nos lábios o sorriso que sempre encantou a todos, inclusive a você um dia.

E você, que diz me conhecer tão bem talvez se surpreenda ao passar por mim na rua, afinal eu cresci, fui obrigada a amadurecer, descobri gostar de coisas que nem imaginava, do nível musical ao sexual. Enquanto isso você segue aí, espalhando aos quatro ventos me conhecer muito bem. Mas não se engane, meu bem, a pessoa que você conhece só existe na sua cabeça.

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Arquivado em Crônicas e Contos

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