Lembro de quando você surgiu em minha vida. Tão lindo… tão cheio de gestos que me faziam suspirar. Um perfeito príncipe. Adorado pela minha mãe, torcia para o mesmo time do meu pai. O namorado que todas as minhas amigas desejavam encontrar igual. Lembro de como elas viviam te perguntando se não tinha um amigo para apresentar para elas. Menos de três meses e já estávamos morando juntos. Você me carregou no colo e disse que a partir daquele dia eu era a princesa do seu castelo. E não é que você tinha a foto de um castelo de areia bem na parede, de frente para a porta? E você dizia que era para eu nunca me esquecer que aquele era o nosso castelo.
Todos suspiravam quando saíamos e no restaurante você fazia o pedido por mim, dizendo me conhecer tão bem a ponto de saber exatamente o que eu iria pedir. E enquanto os outros achavam isso lindo eu sentia algo morrer dentro de mim, sem saber ao certo o quê, e sorria. Afinal o que mais eu poderia querer? Abria meu armário e não reconhecia mais aquelas roupas, afinal sempre que tínhamos um evento você chegava com a roupa que eu deveria vestir como presente. E eu sorria e agradecia quando todos diziam o quão linda eu estava, embora por dentro, sentisse aquela mesma sensação de algo morrendo, que geralmente eu empurrava garganta abaixo junto com o champanhe.
E então um dia você chegou me dando um prazo para deixar o SEU apartamento, pois você havia encontrado alguém mais jovem e mais bonita do que eu. E então eu me dei conta de que o que eu sentia morrendo dentro de mim dia após dia ao seu lado era eu mesma.