Hoje encontrei sua mãe no ônibus e passamos quase a viagem inteira falando sobre você, rindo das coisas boas… Mas foi só ela descer que a tristeza tomou conta de mim e fiquei me perguntando se você ainda me amaria do mesmo jeito se não tivesse sido arrancado de mim como foi.
Você ainda amaria as covinhas que se formam no meu rosto quando eu sorrio? Ainda acharia meus dentes meio separados um charme ou isso já teria se tornado um defeito horroroso para você? Você ainda amaria a forma como eu me visto? Você costumava dizer que eu tinha um estilo só meu; você ainda acharia isso ou eu teria me tornado uma baranga para você? Nossos gostos musicais ainda combinariam?
Você ainda acharia um sinal do destino o fato de amar azeitonas enquanto eu as odeio? Ainda acharia um charme a minha predileção por sorvete de cupuaçu ou estaria comentando com os seus amigos o quanto os meus gostos eram estranhos? Você ainda seria capaz de passar horas me vendo ler ou me ouvindo falar sobre os meus sonhos, viagens, planos, filmes preferidos? Você ainda acharia que a nossa casa era o melhor lugar do mundo?
Você ainda amaria a forma como o meu corpo se moldava ao seu no meio da noite? Ainda acharia que não havia lugar melhor do que os meus braços? Ainda acharia graça no fato de eu falar enquanto durmo e de ter medo do escuro? Ainda amaria os sons que eu faço durante o sexo? Ainda adoraria a forma como a minha mão parecia sempre procurar a sua? Ainda amaria o meu jeito ao mesmo tempo tímido e espevitado?
Você ainda me amaria?