Um dia você vai entender que não é porque eu te amo que vou concordar com tudo o que você faz, com tudo o que você diz. Se você soubesse como suas palavras me doem mais do que qualquer bala perdida disparada por policial ou bandido. Se soubesse como cada som saído de sua boca ecoa em minha mente por dias, como palavras ditas em um cômodo vazio. Gostaria de pensar que se soubesse disso você agiria de outra forma, pensaria duas vezes antes de me agredir, antes de voltar para casa parecendo tanto com o homem que ele era e de quem você jurou me proteger para sempre. Gostaria de acreditar que você tentaria ser mais como o filho que eu pus no mundo e que criei com tanto carinho.
Às vezes, entre as lágrimas que parecem nunca me largar, parece que eu te vejo pequeno, entrando correndo pela porta, gritando: mamãe, mamãe. Olha pra mim, mamãe. E quando eu finalmente olhava, você dizia, com aquele ar tão inocente e feliz típico da infância, eu te amo, mamãe. Me pergunto onde está aquela inocência, aquela felicidade, aquele amor. Você prefere que eu não te olhe e eu prefiro mesmo não olhar que é pra não ver o meu fracasso, porque é isso que você é, meu fracasso como mãe. Mas ainda assim meu projeto mais amado e por isso dói tanto.
Um dia você vai entender que nada dói mais do que fracassar no seu projeto mais especial.