Era uma vez

Era uma vez uma menina que sonhava em crescer e conhecer o seu belo príncipe encantado para então ser feliz para sempre.

A menina cresceu e com a idade descobriu que o príncipe pode ter um pouco de ogro. Ou será que o ogro tem um pouco de príncipe? Descobriu que o príncipe pode ficar um pouco menos encantado ao embolar os pés gelados nas pernas dela no meio da noite. Mas então ele a abraça firme por debaixo das cobertas para voltar a esquentá-la e ela percebe que não há lugar melhor para se estar no mundo do que nos braços dele.

Na falta de pássaros cantando na janela pela manhã, a menina acorda com o sorriso dele e naquele momento ela sabe que o dia pode até ter contratempos, mas que ao voltar para casa e encontrar novamente aquele sorriso, tudo vai ficar bem.

Diferente do que as histórias contavam os dois não se apaixonaram à primeira vista. Mas ele foi conquistando ela aos poucos com seu senso de humor, seu jeitinho de menino carente precisando sempre de um abraço. E aos poucos ela foi sentindo que queria estar ali para abraçá-lo e foi vendo que ele tinha paciência para juntar os vários pedaços que os muitos tombos fizeram do coração dela. Por sua vez ele nunca havia ouvido um riso tão gostoso e conhecido alguém ao mesmo tempo tão firme e tão doce. Ele até tentava pensar em outra coisa, mas volta e meia se via pensando na menina de cabelos avermelhados.

Os dois arrumaram a casa, tiraram a poeira do coração, lustraram um ou outro canto mais enferrujado e resolveram dar uma chance para algo no qual já não acreditavam mais.

A menina cresceu e não troca seu ogrinho por encantado nenhum neste mundo.