Ainda lembro como se fosse hoje, menina. Sempre fui cético quanto a essa história de se apaixonar por alguém logo de cara, mas não dá pra negar que algo mudou no ambiente quando você entrou toda sorridente, conversando animadamente com o pessoal, como se fizesse parte daquele lugar, como se sempre tivesse estado ali. Aquele dia foi tão louco, tão diferente de tudo o que eu ou você poderíamos imaginar… quem ousaria dizer que não era pra ser?
Aos poucos, menina, você foi se instalando, fazendo morada aqui dentro, bagunçando tudo. Aos poucos foi me mostrando que amor não se controla e que não, amor não precisa rimar com dor. Com seu jeitinho foi derrubando uma a uma cada uma das minhas barreiras, jogando por terra cada uma das minhas certezas. E ainda assim, minha vida nunca pareceu tão certa. Aos poucos, sem nenhum esforço, eu estava rindo, sonhando, fazendo planos de novo.
Você trouxe cor de volta pra minha vida tão monocromática, menina. Quando foi que ela se tornou cinza? Não sei, mas sempre vou lembrar do dia em que ela ganhou cores novamente. Primeiro os tons de vermelho do seu cabelo, suas unhas, seus lábios, depois o marrom intenso dos seus olhos, e quando dei por mim não havia mais lugar para o cinza. As cores que irradiam da sua alegria, da sua vontade de viver, estavam por toda a parte. E minha vida nunca pareceu tão bela.
Hoje aquela quarta-feira completa 12 anos. E a minha vida nunca esteve tão completa, menina.