Ah menina, você nunca vai conseguir saber como o meu coração disparou ao te ver parada ali, perto daquela escada no cantinho mais escondido, quase no fim do palco. Eu não sabia, você não sabia, mas aquele foi o primeiro sinal. Qual a chance de eu encontrar a mulher dos meus sonhos em um show da minha banda preferida? Eu nem estava ali pra isso. Só queria aproveitar a noite e cantar até o sol raiar, mas você mudou todos os meus planos. A banda passou a ser um mero coadjuvante.
Você, por outro lado, nem me notou. Estava tão entretida cantando, em uma bolha só sua, que nem notou minha aproximação. Melhor assim, eu podia continuar te observando sem parecer um freak total. A banda parou e eu aproveitei para me apresentar. Você me disse seu nome e eu fiz uma piada qualquer sobre você se chamar justo Ana Júlia. Você riu, mais pra não me deixar sem graça pela piada ruim do que por ter achado graça e mesmo com a pouca luz eu pude notar as covinhas que se formavam quando você ria.
Impressão minha ou o show acabou rápido demais? A banda voltou para tocar a última da noite e Último Romance nunca me pareceu tão perfeita. Eu quis duvidar. Clichê demais você se chamar Ana Júlia e eu te encontrar justo em um show do Los Hermanos, mas meu coração disparado podia ser ouvido por toda a casa de show. Não tinha como negar.
Nove anos se passaram, você me disse pra ter fé e ver coragem no amor e aqui estamos nós. Um filho, dois gatos e um cachorro. Ainda bem que eu sou um cara estranho e ainda acredito em clichês.