Ainda dá tempo?

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Ainda dói, menino, quando fecho os olhos e ouço sua voz me dizendo que cansou de amar por nós dois. Dói porque isso nunca foi verdade e sinto como se mais uma vez tivesse falhado. Mas é que como uma criança que não consegue deixar pra trás as rodinhas da bicicleta, eu não consigo mergulhar sem boia. Não consigo sair da beira onde apenas os pés se molham. Tenho medo de avançar e alguma onda mais forte me levar e eu perder completamente meu ponto de apoio. Como vou fazer se não tiver no que me agarrar?

Por isso, enquanto você mergulhava em mim e tentava me atrair para o fundo de você, eu continuava ali, até avançava um pouco e eu avancei muito, acredite, mas não o bastante para você. Não o bastante para fazer você ficar. Eu não te culpo. Provavelmente eu também não teria ficado, mas por favor, não duvide do meu amor. Eu te amei, na medida do meu possível. Meu máximo apenas não foi suficiente para você. Não é justo, mas acontece. E como eu gostaria que fosse diferente. Como eu gostaria de ter coragem de arrancar boia, apetrechos inúteis e mergulhar de cabeça apenas em você. Apenas em nós.

Me diz, menino, ainda dá tempo de eu aprender a nadar?

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