Lembra, menino, quando as coisas eram fáceis entre a gente? Lembro que olhava pra você e enxergava toda uma aquarela, cores vivas e vibrantes, em seus olhos e não havia lugar melhor que seus braços para me garantir que estávamos fora de perigo. Segura em seus braços, ouvindo a batida ritmada do seu coração eu sabia, tudo ficaria bem.
Até o dia em que sem mais nem menos os mil tons se tornaram apenas tons de cinza. E as batidas do seu coração fizeram um arrepio subir pela coluna, e não, não foi um arrepio como os que você me fazia sentir antes.
De repente, menino, as palavras se perdiam no ar, o ruído do silêncio era ensurdecedor, me fazendo querer tapar os ouvidos e chorar no cantinho. Seu anel ainda estava em meu dedo, mas o amor não estava mais ali. E assim como as cores que eu via em seus olhos, ele foi embora sem qualquer aviso prévio. Nem pra bater a porta na saída, me indicando a partida. Você simplesmente me olhou uma última vez, como que fotografando meu rosto, e se foi. Eu me lembro.
E eu chorei. Chorei, gritei, quis fazer um escândalo. Não sei quantos dias se passaram. Mas foram muitos. Até eu me dar conta que os monstros na parede não passavam de sombras. E então me reergui, menino.
Lembra, menino, quando as coisas eram fáceis entre a gente? Descobri que fácil mesmo ficou quando me dei conta de que não precisava dos seus braços pra me sentir segura.
Você partiu e eu me reencontrei.