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Carta para te dizer, assim do meu jeito torto, que eu te amo palhacinho.

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Hoje acordei nostálgica. Ando assim, fazer o quê? Nem fui e a saudade já anda batendo com força, parece querer me lembrar a cada momento das coisas boas que estou deixando para trás, das pessoas amadas que vou passar tempos sem ver. E é inevitável, cada vez que olho para você, me perguntar se eu estou fazendo a coisa certa.

Hoje faz um ano que você me beijou pela primeira vez; lá naquele bloco em Santa Tereza. Os foliões passando pela gente, empurrando, gritando, mas nada mais parecia importar, só nós dois, a avenida era toda nossa aquela noite. E de certa forma, nesse um ano sempre senti que o mundo era só nosso também.

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Naquele mesmo dia, um ano atrás, você me disse que era apaixonado por mim há dois anos, mas que sabia que eu não estava pronta para você. Quanto tempo perdemos por medo, palhacinho, e agora aqui estamos nós, o relógio nos lembrando a cada batida do pouco tempo que ainda temos. Como eu queria que você me pedisse para desistir, para não pegar o avião. Mas eu sei que você nunca faria isso comigo, por mais que eu saiba que dói aí tanto quanto aqui. Como eu queria te pedir para largar tudo e vir comigo, mas o quão justa eu estaria sendo com você, te fazendo largar a sua vida para viver o meu sonho?

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Talvez tenha que ser assim, palhacinho. Talvez esse tenha que ser o nosso tempo junto. O melhor ano de nossas vidas. As melhores risadas, a segurança em forma de abraço, o olhar que diz mais que qualquer palavra, o silêncio cúmplice, o amor descoberto por acaso.

Mas ainda faltam três semanas, palhacinho, e eu ainda quero aproveitar cada segundo que o relógio nos oferece, deitar a cabeça no seu peito, fechar os olhos e sentir que o mundo é só nosso.

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Um baile de carnaval

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Dizem que duas almas quebradas se reconhecem. Sempre achei que isso fosse uma espécie de frase clichê, usada por pseudopoetas, mas o Carnaval de 2007 me mostrou que não. A fantasia era de arlequim, mas a minha alma estava mais para pierrot. O baile era de domingo de Carnaval, mas meu humor parecia mais o da quarta-feira de cinzas. Definitivamente eu não estava no clima para multidões, músicas alegres e bebedeira. Eu só queria que me deixassem em paz num canto qualquer daquele salão, curtindo a minha dor.

Estava em busca de uma rota de fuga, sem ter que ficar dando explicações para os amigos que só sabiam repetir que ninguém pode ficar triste no Carnaval, quando me deparei com você, próxima ao bar. A colombina mais triste que já deve ter existido na face da Terra. E eu logo soube, a colombina estava tão quebrada quanto o arlequim. Teria o pierrot fugido com outra?

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Minha alma quebrada se perguntava o que teria deixado a sua no mesmo estado. Que histórias o rosto por trás daquela maquiagem carregada e daquela máscara esconderia? Por que colombina não estava encantando a todos com o seu riso pelo salão? Não demorou muito para que você percebesse meu olhar indagador sobre você e, como que reconhecendo um igual, você arriscou um sorriso singelo. Pelo menos me pareceu a tentativa de um sorriso. E então como que percebendo a minha necessidade de sair dali ou precisando disso tanto quanto eu, você apenas balançou a cabeça, indicando a direção.

Com algum custo atravessamos a multidão, alcançando a porta e sem que nenhuma palavra precisasse ser trocada, você agarrou minha mão, um aperto firme enquanto seguíamos sem rumo, descendo as ladeiras de Olinda. Talvez, finalmente arlequim e colombina voltassem a encontrar motivos para sorrir. Talvez…

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