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Órion

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Aqui, tão longe, olho as estrelas e penso em você. Lembro daquela última noite em que você me disse para não ficar triste e que sempre que eu olhasse para as nossas estrelas estaríamos ligados de alguma forma. Será que você olha para Órion com a mesma frequência que eu? Acabou de passar uma estrela cadente e eu, que nunca acreditei nessas coisas, fiz um pedido. Quais as chances de eu abrir os olhos e você estar aqui, materializado ao meu lado? Suas mãos roçando as minhas, como costumávamos fazer quando não tínhamos um oceano nos separando?

Reabro os olhos e você não está aqui e tenho a sensação de que Órion está um pouco mais apagada do que antes. Talvez nossas estrelas sintam a dor que essa distância causa em mim, talvez elas saibam de coisas que aconteçam por aí e que eu não saiba, talvez elas me vejam sentada aqui, por horas e horas, e comentem entre si: pobre garota boba. Talvez apenas estejam tristes por ver dois corações separados, olhando para elas com expectativas e sonhos que elas não podem realizar. Não sei, o entendido de estrelas aqui sempre foi você.

É apenas outra noite qualquer e eu rezo para que as nossas estrelas te guiem de volta pra mim.

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Conversas ao telefone

telefone

– Ei, que vozinha é essa?

– Não tô sabendo lidar com toda essa saudade que estou sentindo de você.

– Um mês passa rápido, você vai ver.

– Sério? Sério mesmo que você disse isso?

– Só estou tentando fazer você se sentir melhor e ver se se eu repetir isso como um mantra se eu consigo ficar bem. Você não é a única com saudades aqui.

– Por que mesmo eu fui me apaixonar por alguém que mora há 450 km de distância?

– E agora a culpa é minha?

– Não é questão de culpa. É só que eu não sei como fazer isso dar certo e tá cada dia mais difícil.

– Eu sei.

– Eu realmente quero que a gente dê certo, mas eu não sei como fazer isso.

– Muda pra cá.

– Claro, porque é simples assim.

– Pode ser, se você quiser.

– Não, você sabe que não pode. Eu não posso abrir mão da minha vida assim, de uma hora pra outra.

– E eu que achava que era a sua vida agora.

– Parte dela sim, mas por mais que eu gostaria que fosse assim, minha vida não se resume apenas ao amor. Eu não posso viver de amor.

– Eu sei. Só estava tentando ajudar. Não gosto de saber que você está triste.

– Não estou triste, apenas com saudades.

– E não dá na mesma?

– Na verdade não. Se quer saber, nunca estive tão feliz. Só não sei o que fazer com essa saudade que me faz querer ser irracional e largar tudo só para estar ao seu lado.

– Eu também nunca estive tão feliz.

– Jura?

– Juro.

– E o que a gente faz com a saudade?

– Deixa ela por aí, porque por mais que doa, do jeito dela ela vai alimentando o nosso amor. Ela pode parecer aquela convidada intrometida, mas do jeito dela, ela só quer o nosso bem. E daqui um mês a gente se livra dela.

– Promete?

– Prometo. Enquanto isso, vai alimentando ela daí, que eu alimento ela daqui e através dela a gente constrói uma ponte, uma ponte em que 450 km são percorridos num piscar de olhos e que só a gente pode percorrer… Ei, que barulho é esse?

– Tô tirando aquele álbum do último Carnaval da gaveta, pra matar um pouco da fome da minha saudade agora mesmo…

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