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Carta pra te contar que você não vai me esquecer

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Eu sei que a essa altura você não esperava mais receber alguma carta minha. Talvez até preferisse que fosse assim. Sei também que te pedi inúmeras vezes para me esquecer, mas acabei me dando conta de que isso não vai acontecer. Você nunca vai me esquecer. Não se trata de praga de ex. A verdade é que eu também nunca vou esquecer você. Só amores fracos são esquecidos e nosso amor pode ter sido tudo, sabe, menos fraco.

Desculpa só ter me dado conta disso agora, mas não vamos esquecer um ao outro; e tentar esquecer a todo custo só vai trazer mais dor e sofrimento. O que você precisa aprender é a mudar o foco, a transformar o amor que ainda existe em lembranças doces. Daquelas que trazem uma saudade gostosa que aquece o peito e faz sorrir a alma. Como aquela tentativa de piquenique no Ibirapuera, onde tudo deu errado, mas terminamos correndo e rindo sob a chuva, como se o mundo fosse só nosso. Eu percebi ali, ao te ver tão relaxado e tranquilo que eu poderia te amar. E como eu amei. Por isso mesmo não faz sentido esquecer. Não faz sentido tentar apagar anos da minha vida só porque resolvemos seguir caminhos distintos. Amores são sempre amáveis e é assim que deve ser. É isso que torna o amor tão bonito, por mais que ele faça doer em algum momento.

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Não, não vamos nos esquecer, mas vamos aprender a viver com a ausência um do outro. Vai chegar o dia em que você vai conseguir ver como talvez não precise colocar o seu trabalho à frente de tudo e talvez eu perceba que existe um limite para a minha teimosia. Vai chegar o dia em que vamos tirar a poeira da caixinha das lembranças e vamos nos perguntar porque não durou, porque não envelhecemos juntos como planejado tantas vezes. Mas pelo menos vai haver o consolo de ter sido uma bela história. A mais bonita que fomos capaz de construir juntos. E ali vamos ter a certeza, fomos sim o amor da vida um do outro, pelo tempo que tinha que ser.

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Eu teria lutado por você

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Eu teria lutado por você ou pela gente se você tivesse me dado qualquer sinal. Um olhar, uma palavra, qualquer coisa que me mostrasse que havia pelo o que lutar, que me mostrasse que você queria que eu lutasse tanto quanto eu queria que você me implorasse para lutar.

Mas para você parecia pouco importar, como tudo mais, e eu cansei. Cansei de ser apenas uma opção a mais, de ser algo que era bom ter por perto, mas que tudo bem se não estivesse.

Eu queria poder dizer que lutei e que valeu a pena cada minuto da luta, mas infelizmente algumas batalhas já nascem perdidas.

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O dia em que eu fui embora

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É engraçado que sempre me lembro de você reclamando da minha péssima memória e da minha completa incapacidade de guardar nomes, datas e outras coisas que você considerava tão importantes. Mas se por um lado não sei dizer a cor da camisa que vesti hoje cedo para ir ao supermercado, sou capaz de descrever, com riqueza de detalhes, aquele sábado. O cinza lá de fora combinava perfeitamente com o meu estado de espírito. Aliás, há tempos eu não sabia o que era tempo bom aqui dentro. E se quer saber, continuo não sabendo.

Era claro que você não iria chorar na minha frente. Você sempre foi orgulhosa demais para isso, mas eu não precisava das suas lágrimas para enxergar o seu sofrimento. Ele era uma cópia exata do meu. E se eu sangrava por dentro, eu sabia que não era diferente dentro de você. Sempre fomos um espelho um do outro e mesmo um espelho rachado ainda é capaz de refletir a imagem colocada diante dele.

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Por uma ironia do destino você vestia exatamente aquela bata verde que eu tanto gostava em você e que geralmente eu fazia desaparecer do seu corpo na velocidade da luz. Sim, ela ficava linda em você, mas você ficava ainda mais linda nua, na minha cama. Mas ali, naquele clima pesado que parecia esperar apenas por uma fagulha para mandar tudo pelos ares, aquilo me parecia muito, muito distante.

Ao fechar a porta atrás de mim, libertando as lágrimas exatamente como eu sabia que você fazia do outro lado, um sol tímido saiu por detrás das nuvens, atingindo o meu rosto. Um sinal de que tudo aquilo iria passar? Quem sabe. Antes de eu sair, lutando contra as lágrimas, você me perguntou se eu deixei de te amar. Muito pelo contrário, talvez um dia você entenda que fechar aquela porta foi a maior prova de amor que eu poderia dar, para você e para mim.

 

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Eu não aguentaria te ver partindo

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Fiquei sabendo que você anda dizendo por aí que eu não senti nada naquela manhã, quando depois de um beijo na testa e de um pedido de desculpas saí pela porta sem olhar para trás. A verdade é que se eu olhasse e visse suas lágrimas ou qualquer outro sinal da dor que estava te causando, eu seria covarde e acabaria voltando para o seu lado naquela cama onde você se encaixava em meus braços tão confortavelmente. Você pode até achar que não, mas eu sei que chegaria o dia em que você se perguntaria o que ainda estava fazendo ao meu lado e me amaldiçoaria por não ter partido naquela manhã. A verdade é que sou capaz de lidar com as consequências dos meus atos, mas não com a sua rejeição ou com a descoberta do seu desprezo por mim.

Você afirma que surgi em um momento em que tudo estava bem e você não esperava nada. Pois você surgiu quando eu estava no fundo do poço e só pedia por algo que acabasse de uma vez com todo aquele sofrimento que eu vinha sentindo. E durante aqueles dias intensos em que tanto compartilhamos de nós dois, você foi praticamente perfeita em me fazer esquecer de tudo aquilo. Mas uma noite, enquanto você dormia, tão serena e satisfeita em meus braços, me vi entrando em pânico com um sentimento de que algo estava errado. Eu me vi repassando meus últimos relacionamentos até chegar naquele momento, naquela cama e logo soube o que estava errado: nós dois estávamos felizes demais. Nunca fui do tipo cara feliz e nunca tive uma mulher se sentindo feliz ao meu lado por muito tempo. Foi ali,  naquele momento, que decidi abrir mão de você. E fiz isso pela sua felicidade e para não correr o risco de te ver infeliz um dia, me culpando ou odiando e partindo por aquela porta. A mesma pela qual saí.

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O que vivemos significou e sempre vai significar muito para mim e vai ser sempre com aqueles dias que irei comparar qualquer outro relacionamento que eu venha a ter. Se fiz o que fiz foi apenas por saber que não aguentaria te ver partindo.

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O Fim

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― Por favor, não chora.

― Não se preocupe, eu não vou fazer uma cena, gritar para todos os vizinhos ouvirem.

― Não é isso. É só que eu nunca soube lidar com o seu choro. Ele dói aqui dentro de tal maneira que quando vejo quero unir o meu choro ao seu.

― Você é estranho.

― Estranho ou não, eu me importo com você.

― Você se importa?

― Claro que sim. E quer saber? Sempre vou me importar.

― Mas…

― Não tem mas nenhum. Não é porque não deu certo que vou deixar de me importar, que vou girar uma chave qualquer dentro de mim e deixar de te amar. A gente só não quer mais as mesmas coisas.

― Nunca entendi esse negócio direito.

― Que negócio?

― De não estar mais na mesma página que o outro. Quando foi que você passou a virar as páginas mais rápido? Ou foi a minha miopia que foi me fazendo ficar cada vez mais para trás?

― Não sei, mas sei que achei linda essa sua forma de apertar os olhos para tentar enxergar melhor. Fica sexy. Na verdade, foi a primeira coisa que reparei em você, parada no meio da Paulista, parecendo perdida, os olhos apertados tentando ler a placa do outro lado da rua.

― Como eu disse… estranho!

― E você, não vai dizer a primeira coisa que te chamou a atenção em mim?

― O jeito de menino despojado com os óculos quadrados e a barba por fazer contrastando com a camisa da Hollister. Aliás, posso ficar com ela?

― Eu achava que você detestava aquela camisa.

― Detesto, mas é pra eu ter algo com o seu cheiro, pra quando a saudade apertar.

― Você sempre pode vir aqui sentir o cheiro pessoalmente.

― Não acho que nossos futuros companheiros vão gostar dessa ideia.

― É, não tinha me dado conta de que você provavelmente não vai ficar sozinha por muito tempo.

― De nós dois, não sou eu quem não sabe lidar com a solidão.

―É, talvez você tenha razão.

― Nove anos de relacionamento e você ainda não aprendeu que eu sempre tenho razão?

― Sempre tão convencida.

― Então… acab…

― Não fala.

― Por quê?

― Porque quando você pronunciar essas palavras e sair por aquela porta tudo isso vai se tornar real.

― Eu não entendo, foi você mesmo quem disse que seria o melhor pra gente.

― Eu sei, mas nem por isso a dor é menor.

― Vem cá. Deita aqui no meu colo. Deixa eu te fazer um cafuné como quando você chegava cansado do trabalho.

― Eu vou sentir falta disso.

― Ei não é justo, não chora…

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Eu só queria você aqui comigo

caTrilha: Here With Me – The Killers

Dizem que o tempo apaga tudo, mas parece que ele esqueceu de apagar você de mim. Porque por mais que os anos tenham passado, se eu fechar meus olhos, ainda é você. Sempre foi. E quando se trata da gente, eu não sou muito fã do tempo.

Você sempre me dizia que eu era muito jovem, que em algum momento eu iria querer algo melhor e que eu merecia esse algo melhor, mas o que você esqueceu de levar em conta nessa sua equação – logo você tão bom com os números – foi o fato de que o meu melhor poderia ser você. E ao abrir mão de mim, como quem doa uma camisa que não serve mais, você me privou do meu melhor, do final feliz que o meu lado menininha vislumbrava com você e nunca vislumbrou com mais ninguém.

Você se considerava errado pra mim e talvez, aos olhos de muitos, não fôssemos mesmo nenhum exemplo a ser seguido, mas a verdade é que a sua aceitação me bastava. Eu poderia ser execrada em praça pública, mas eu aguentaria de pé se tivesse você ao meu lado. Mas você teve medo e não quis correr o risco. Tudo bem, eu entendo. Não acho que um dia te culparia como você temia, mas eu entendo. De verdade. Aliás, você sempre dizia que eu te entendia como ninguém.

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Eu sei que naquela última tarde, quando nos despedimos no portão, prometemos um para o outro que deixaríamos nossa história no passado e você jurou que quando me tornasse uma mulher adulta eu iria entender que você estava escolhendo o melhor caminho para nós dois. E como sempre fiz, concordei contigo. Pois bem, mas hoje estou aqui, adulta, para dizer que não entendi e que se me tivesse sido dada a chance de escolher, eu não teria suas fotos apenas em um mural de lembranças ou seus beijos e cheiro em minha memória, mas sim você, por inteiro, aqui comigo.

Se eu pudesse voltar no tempo, teria te beijado mais, desfrutado mais da sensação da sua barba roçando pela minha pele, do encaixe perfeito dos nossos corpos, mas principalmente, teria agido como a menininha que você achava que eu era e batido o pé para te manter aqui comigo.

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A gente sabe

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Dizem que a gente sabe. E eu soube, no exato momento em que você entrou pela porta e seu olhar passou direto por mim sem nem ao menos um sinal de reconhecimento. Então era assim que tudo chegaria ao fim? Você atravessou a sala e o azul dos seus olhos, que antes me fazia lembrar do mar e me trazia calma, mais parecia um iceberg; e, de repente, me vi congelando de frio, mesmo nos 40 graus do verão carioca. Seria aquele o famoso olhar de adeus?

Meu olhar continuou seguindo o seu contorno, seus passos firmes em direção ao quarto e, encolhida no sofá, ainda gelada pelo frio dos seus olhos, implorava baixinho dentro de mim: não me deixe, não me deixe. Volte a ser o meu mar particular. Mas como sempre, você não me ouviu. Você nunca ouviu.

Mesmo sem ver eu era capaz de saber exatamente o que se passava no quarto. Podia te ver andando até o closet e dobrando camisa por camisa, meia por meia antes de colocá-las, por grupos de cores, dentro da mala que compramos juntos em Bariloche. Porque nem mesmo em um momento como esse você deixaria sua organização de lado. Não, ao contrário de mim, você nunca perde o controle. E como tudo o mais, aquela ação não levaria mais do que 15 minutos. E como um maldito relógio que nunca atrasa, ali estava você novamente, parado à minha frente e, por alguns breves segundos tive a esperança de que você fosse dizer alguma coisa, fosse me implorar para te fazer mudar de ideia, te pedir pra ficar, mas então você apenas soltou um suspiro, pegou a mala e, mais uma vez, virou as costas pra mim.

E então, quando o som da porta batendo me atingiu, eu soube que nunca mais veria o mar com os mesmos olhos.

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Um dia a dor passa

Acabou! Finalmente ela tomou coragem e terminou aquele relacionamento que tanta angústia vinha trazendo nos últimos tempos. Sim, ela sabia que tinha tomado a decisão mais acertada, mas uma coisa não saía de sua cabeça: se apenas seguiu o seu coração e fez aquilo que sabia que era certo, por que toda esta dor, este aperto no peito? Por que a garganta parecia estar fechada e as lágrimas insistiam em continuar caindo?

Ao som de “A Case of you” se permitiu chorar, deixou o sofrimento aflorar e tomar conta de todo o seu ser. Ela sabe que para conseguir dar a volta por cima, precisará se permitir sofrer, chorar, espernear… E que um belo dia, irá acordar e perceber que não sofre mais, que não está mais naquele jogo de não querer saber o que ele está fazendo, no que está pensando, se sente sua falta, mas ao mesmo tempo querer… vai perceber que as lágrimas não caem mais.

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Essa volta por cima não significará que ela o esqueceu, o apagou de sua mente, mas que ele agora está guardado num cantinho do seu coração e que lá é o seu lugar, o lugar das lembranças, das boas lembranças e só isso e que ele só virá à tona novamente em seu coração nos momentos em que ela quiser que isso aconteça. Agora, ela é novamente dona do seu coração e ela é quem decide o rumo de sua vida e de sua história.

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