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Por favor, lute por mim

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Ouvi quando a porta bateu ainda de madrugada, fazendo com que eu me encolhesse sob as cobertas e finalmente soltasse em forma de choro todo a dor que estava sentindo. Agora eu era livre para chorar alto, ninguém ia ouvir mesmo… Quando muito os vizinhos, mas depois de todo o resto, duvido que eles liguem para algumas lágrimas. Acho mais que a tia do 703 tem cara de quem vai bater aqui pra me dar uns tapas e me perguntar o que eu estou fazendo da vida. A pergunta de um milhão de dólares. O que eu estou fazendo da minha vida? Da nossa vida?

Sei que uma hora, mais cedo ou mais tarde, vou ferrar com tudo, menino, e você não vai mais voltar depois de caminhar por algumas horas para esfriar a cabeça. Um dia você vai encontrar alguém melhor do que eu, menos confusa do que eu e que não vai te mandar embora de vez em quando por medo de tudo isso que está sentindo aqui dentro. E então você não vai mais voltar. Eu me vejo sentada nessa cama, como estou agora, agarrada ao lençol como a um bote salva-vidas, olhando para a porta que não voltará a se abrir. Um dia você se cansará de passar por ela, como um soldado que sabe que luta por uma causa perdida e resolve desertar.

Mas ainda é cedo, menino, eu juro que ainda há pelo o que lutar. Eu não quero que você vá embora, mesmo eu gritando isso para o prédio inteiro ouvir. É o meu medo quem fala, não acredite nele. Sei que sou uma causa confusa, mas por favor, não me considere, você também, uma causa perdida para o amor.

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Eu poderia, mas você não deixou

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Ah menina, me divido entre a vontade de te abraçar apertado, te embalar em meus braços e dizer que vai ficar tudo bem e a vontade de te dar uns tapas, te sacudir e mandar parar logo de vez com essa palhaçada toda. Eu poderia ter cuidado de você, menina. Poderia…, mas você não deixou. Você nunca deixa. Toda vez que a felicidade está prestes a bater à sua porta, você dá um jeito de mandá-la para longe, afastá-la de você. Não sei o porquê disso, mas eu realmente queria ter tido a chance de cuidar de você e de deixar que você cuidasse de mim também.

Eu poderia te abraçar quando você sentisse medo, te preparar uma xícara de chá quando sentisse frio ou aquele macarrão com queijo que você tanto adorava quando a fome batesse de madrugada. Eu poderia arrumar a cama embora a gente sempre acabasse adormecendo embolados no sofá, vendo algum programa bobo na frente da TV. Eu poderia te ouvir falar sobre a sua mãe, o seu chefe e a sua incerteza entre fazer o mestrado ou passar um ano viajando pela Ásia.

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Eu poderia dirigir para o outro lado da cidade para te buscar no trabalho pelo simples fato de saber que você  se sente mal andando de metrô. Eu poderia mudar o caminho e parar naquela sorveteria que você adora só pra te pagar um sorvete de pistache numa terça-feira qualquer, porque você fica linda lambuzada de sorvete. Eu poderia te arrastar para um cinema qualquer numa quarta-feira apenas por ter visto no jornal o início de uma mostra de filme europeu que com certeza me faria pensar em você.

Eu poderia ter feito de tudo para te fazer feliz, menina. Mas você não deixou.

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Vai doer

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Você sempre dizia que tal como uma criança pequena diante do desconhecido, eu vivo perguntando: vai doer? Mas se a criança faz essa pergunta para o Zé Gotinha eu repito o questionamento quase como um disco arranhado para a vida mesmo. A verdade, moço é que tenho medo da dor sim e faço tudo o que posso para fugir dela. Mesmo que esse tudo envolva fugir de você porque amar implica dor. E não me venha com essa de que não precisa ser sempre assim, que com você vai ser diferente, porque eu sei que no fundo não vai. Em algum momento, moço eu vou criar um meio de sabotar a gente, de implicar com alguma mania sua, de achar que você está me sufocando demais ou me dando atenção de menos e aí pronto, vai doer. Vai doer quando você decidir que eu sou complicada demais, libriana demais, carente demais…

Você pode achar que já me conhece moço, mas eu sei melhor do que isso. Sou libra com ascendente em autossabotagem e não há nada que você possa fazer. Tenho medo da dor, mas ninguém sabe causar ela em si mesma tão bem quanto eu. Suas intenções podem ser as melhores possíveis, mas desculpa, não é que eu não confie em você, a falta de confiança está em mim. E é por isso que não quero mais.

Mas não quero te ouvir dizendo que mais uma vez estou fugindo da dor. Não quero mais fugir. Por isso, sem pensar demais resolvi fazer uma tatuagem. E agora tenho uma garota livre, voando marcada para sempre no ombro. A melhor representação de quem eu gostaria de ser. Sempre me lembrarei de você ao olhar para ela. Por mais medo que eu sinta, é mais fácil encarar a dor de uma tatuagem do que a dor de viver e perder você.

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Você tem medo de quê?

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Quem é você? Mas o você de verdade, não esse personagem que se esconde atrás dessa máscara de indiferença que insiste em usar. Às vezes me pergunto se o personagem é este ou se fui tão cega esse tempo todo e na verdade o personagem era aquele jovem descolado e de bem com a vida que você usou para me convencer a tomar uma cerveja um dia, um cinema depois, até acabarmos nesse espiral de silêncios. Olho para você e sinto vontade de chorar ao me dar conta de que não há nada pior do que ver quem já foi seu tudo se tornar um mero estranho dentro da mesma casa. Eu não te reconheço. A impressão é de que não te conheço mais. Cá entre nós, algum dia conheci? Já não tenho certeza.

O nosso amor se transformou em bom dia e não há nada que eu possa fazer enquanto você insistir em sentir medo e em se fechar, permitindo que o medo ganhe. O problema é que o seu medo de ser feliz, de se deixar ser amado, de ter uma vida de verdade não interfere apenas na sua vida, mas na de todos aqueles que ainda se importam com você. Sim, ainda, porque vai chegar um momento em que esse número vai ser cada vez menor. Se você abrir os olhos e olhar ao redor por alguns meros segundos já será capaz de perceber a mudança. E quer saber, eu não sei se aguento por muito tempo mais não.

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Sendo sincero, você tem medo de quê? Ninguém é perfeito e se quer saber a minha opinião, a perfeição é supervalorizada e é chata. Medo de levar um pé na bunda? Desculpa querido, mas ao se fechar dessa forma e ao afastar as pessoas você não evita esse momento que faz parte da vida de todos. E olha, ninguém nunca morreu por levar um fora. Dói, é chato pra caralho, mas a gente supera e tanto supera que parte pra recomeçar tudo de novo, sempre esperando um novo alguém que seja diferente, que vai fazer todo aquele sofrimento do primeiro encontro valer a pena.

Tira essa máscara, se abra para o que a vida está te oferecendo nesse momento, experimente. Rir e chorar fazem parte da vida e ambos são importantes. Evitar o sofrimento é a maior mentira que existe porque isso só faz com que a gente sofra ainda mais e faça as pessoas ao nosso redor sofrerem também. E aquele garoto descolado que trombou em mim um dia na Paulista e me convidou para uma cerveja como um jeito nada convencional de pedir desculpas não ia querer isso. Pelo menos ainda prefiro acreditar que não.

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Vislumbre de você

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Hoje tive um rápido vislumbre de você. Você passou ao meu lado, atravessando a rua na direção contrária e nem me viu – ou fingiu que não viu – e eu fiquei ali entre seguir em frente como se nada tivesse acontecido ou seguir atrás de você, tentar saber o que foi feito da sua vida. A dúvida durou o tempo que levou para o sinal abrir novamente e eu quase morrer atropelado no meio da avenida e você sumir em meio a multidão. Mas se meus pés me levaram adiante, meu coração parece ter corrido atrás de você, como sempre correu, por mais que eu, burro, lutasse contra.

Você parecia tão diferente, tão mais mulher naquele terninho que sempre odiou. Não que você não fosse mulher antes, mas sempre fui apaixonado pelo seu jeito menina que surgia nos momentos mais inesperados, pedindo brigadeiro, colo e cafuné. E enquanto você vinha em minha direção eu só queria que você estivesse sem os óculos escuros para que eu pudesse ver seus olhos. Afinal, não há forma melhor de saber o que você está realmente sentindo do que encarando os seus olhos. Eles mostram e falam bem mais do que você, e eu queria ter certeza de que você está feliz e de que eu não estraguei aquela inocência tão sua, ao partir de repente, por medo daquela pessoa na qual eu estava me transformando ao seu lado. Embora hoje eu sinta falta daquela versão de mim como nunca senti falta de algo antes. Ou será falta de você?

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Hoje tive um rápido vislumbre de você. Você passou ao meu lado, cheia de si, segura e confiante e eu fiquei ali, parado e perdido no e se…

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