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Eu choraria por você

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Eu nunca achei que você cumpriria a promessa e que um dia sairia por aquela porta. Eu devia ter percebido os sinais, ter notado que estava ultrapassando os limites, mas achei que você precisava mais de mim. Foi preciso que você fosse embora para que eu percebesse que sou eu quem preciso de você. E agora eu não sei o que fazer. Não sei como implorar pelo seu perdão e te fazer voltar. Eu diria que estou arrependido se acreditasse que isso te faria voltar. Eu me ajoelharia aos seus pés, repetiria o quanto te amo, mas quase vejo sua cara de impaciência diante desse meu discurso.

Tô aqui vulnerável sem você. Meus olhos sempre secos estão cheios d’água e eu não sei lidar com esses sentimentos com os quais não estou acostumado. Você que sempre me acusou de ser muito frio não imagina como ando emotivo desde que você se foi. Foi preciso te perder para que minha razão e emoção encontrassem um equilíbrio? Eu abriria mão da emoção para te ter de volta, mas então você me acusaria de ser racional demais e voltaríamos para o ponto de partida, você saindo por aquela porta com todas as suas coisas para nunca mais voltar, chorando por mim e por você. Chorando as lágrimas que não consigo derramar nem por mim nem por você. Chorando as lágrimas que eu gostaria de derramar por você.

Então sigo em frente, digo pra todos que estou bem, rio de piadas sem graça, porque foi isso que me disseram para fazer. Me ensinaram que meninos não choram, mas não me ensinaram o que fazer com a água que insiste em se acumular em meus olhos quando penso em você.

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Você ainda me amaria?

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Hoje encontrei sua mãe no ônibus e passamos quase a viagem inteira falando sobre você, rindo das coisas boas… Mas foi só ela descer que a tristeza tomou conta de mim e fiquei me perguntando se você ainda me amaria do mesmo jeito se não tivesse sido arrancado de mim como foi.

Você ainda amaria as covinhas que se formam no meu rosto quando eu sorrio? Ainda acharia meus dentes meio separados um charme ou isso já teria se tornado um defeito horroroso para você? Você ainda amaria a forma como eu me visto? Você costumava dizer que eu tinha um estilo só meu; você ainda acharia isso ou eu teria me tornado uma baranga para você? Nossos gostos musicais ainda combinariam?

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Você ainda acharia um sinal do destino o fato de amar azeitonas enquanto eu as odeio? Ainda acharia um charme a minha predileção por sorvete de cupuaçu ou estaria comentando com os seus amigos o quanto os meus gostos eram estranhos? Você ainda seria capaz de passar horas me vendo ler ou me ouvindo falar sobre os meus sonhos, viagens, planos, filmes preferidos? Você ainda acharia que a nossa casa era o melhor lugar do mundo?

Você ainda amaria a forma como o meu corpo se moldava ao seu no meio da noite? Ainda acharia que não havia lugar melhor do que os meus braços? Ainda acharia graça no fato de eu falar enquanto durmo e de ter medo do escuro? Ainda amaria os sons que eu faço durante o sexo? Ainda adoraria a forma como a minha mão parecia sempre procurar a sua? Ainda amaria o meu jeito ao mesmo tempo tímido e espevitado?

Você ainda me amaria?

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Foi você

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Foi você quem causou tudo isso.

Foi você quem me deixou assim, ainda acreditando que há um amor por aí, mas não pra mim.

Foi você quem deixou um buraco aqui, no meu peito, que ninguém nunca mais foi capaz de preencher.

Foi você quem estragou todas as outras pra mim, pois nenhuma delas é você, nenhuma delas têm o seu sorriso ou aquela pintinha logo atrás da orelha esquerda.

Foi você quem me deixou maluco, te enxergando em cada esquina.

Foi você quem foi embora e me levou de mim junto com você.

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Quando você deixou de existir

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Faz pouco mais de vinte e quatro horas que você deixou de existir e o mundo perdeu toda sua cor, seu cheiro e sua beleza para mim. Me pego andando pela casa como um animalzinho perdido depois da mudança, sem reconhecer nada, em busca de um cheiro, de um afago, de um toque de conforto. A verdade é que você deixou de existir e eu não sei como agir em um mundo no qual você não faça parte. Não porque eu tenha me transformado em uma daquelas mulheres patéticas que abrem mão de suas próprias vidas para viver a do outro, mas simplesmente porque eu gostava muito da versão de mim que você trazia à tona. Uma versão que eu tenho medo que suma sem a sua presença. E eu não quero que ela suma, porque ela é tudo o que me resta de você. Mas quem vai me desafiar daqui para frente? Quem vai acreditar em mim quando nem eu mesma acredito? Quem vai me arrancar sorrisos em uma manhã gelada de inverno?

Eu sei que você esperava que eu seria forte como sempre fui, mas tudo parece desmoronar à minha volta e eu não sei se consigo ser forte de novo, se consigo me reerguer. Sinto como se esse silêncio todo fosse me esmagar a qualquer momento e tudo o que eu queria é que você surgisse, nem que fosse uma última vez, para eu poder te dizer de novo o quanto eu te amei, o quanto eu te amo e o quanto sempre vou te amar.

O mundo se tornou cinza, tudo parece ter perdido o sentido como em um filme do Fellini. De repente, sinto como se todas as dores do mundo tivessem caído sobre os meus ombros.

Você deixou de existir e eu perdi o equilíbrio.

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