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Eu não consigo te odiar

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Eu queria conseguir te odiar, torcer para que você nunca mais fosse feliz novamente, que nunca conseguisse superar a minha perda. Mas por mais que eu diga que quero isso, eu não consigo. Eu ainda torço pela sua felicidade como torcia, dia após dia, para que você fosse feliz comigo.

É verdade, você me fez sofrer muito, mas será que você é mesmo o único vilão dessa história? Será que de alguma forma, no fim, eu não te fiz sofrer também? Não quero te odiar. Não quero que a raiva me faça esquecer tudo de bom que vivemos juntos, todos os momentos de riso, de gozo, de amor.

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Não quero ser aquele tipo de gente que transforma o ex de amor de uma vida inteira para inimigo número um em um piscar de olhos. Não quero amar odiar você. Até porque, cada esforço para te odiar é um pouco mais que eu te mantenho como foco na minha vida. E eu desejo sim que você seja feliz, mas não aqui, não de volta. Nosso tempo acabou. E eu aprendi, finalmente, que é hora de te deixar ir.

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Não é mais você

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Outro dia sua irmã me deu uma tremenda bronca ao chegar lá em casa e me encontrar com os olhos vermelhos de tanto chorar. Entre as milhares de palavras por minuto que só ela é capaz de pronunciar pude entender algo sobre como ainda é possível chorar por aquele traste. O traste em questão, você! E é isso que ninguém entende. Não é por você que eu choro. Não mais.

Choro pelo homem que eu achei que você fosse. Pelo homem que eu criei na minha cabeça depois de todo esse tempo. O homem que não faria nada do que você tem feito nos últimos tempos. Na minha cabeça você é menos mesquinho, arrogante e idiota. E é com esse homem que eu comparo qualquer um que tente se aproximar. E sabe qual é o grande problema? Nenhum é tão perfeito. Nem você seria. Porque descobri que ele não é você. Poderia ter sido se você tivesse feito uma forcinha. Se não tivesse decidido, um dia, depois de tantos sonhos e noites em claro compartilhadas que não queria mais o que tínhamos construído juntos.

Choro por uma ilusão. Grito por dentro e peço socorro para me livrar de alguém que só existe na minha cabeça. Passo noites em claro, deitada em posição fetal, pensando como teria sido se fosse ele e não você. Sofro sim, mas não é mais por você.

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Águas rasas

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Desculpa se eu não dei espaço. Se fui uma poça rasa onde era impossível, pra você, mergulhar de cabeça e se aprofundar. Eu queria, juro que queria, mas cada vez que pensava em trazer você para mais fundo, algo me fazia recuar. Se servir de consolo saiba que não foi só com você, mas você foi quem eu mais desejei trazer para o fundo, deixar conhecer toda a água turbulenta, todas as ressacas, as agitações da água batendo contra as pedras. Ao mesmo tempo, você foi quem eu mais quis proteger de toda a escuridão, de todo o passado, de todo o medo, de tudo o que poderia te fazer ir embora.

Sei que não foi justo. Você me envolveu cada vez mais na sua vida, fez cada vez mais planos e eu ali, evitando aprofundar o que já era tão profundo em meu coração. Tentando proteger você e, por medo, causando mais dor a nós dois. Eu sei que deveria ter te dado o poder de escolha, deveria ter te incluído na minha vida como você me incluiu na sua, devia ter mergulhado em você e permitido que você mergulhasse em mim, mas como deixar que alguém mergulhe em um mar que você sabe que não é saudável para banho?

Desculpa eu devia ter te alertado, ter te dito que era furada se apaixonar por mim. Ter te alertado para o fato de que a água aqui não era profunda o suficiente para se mergulhar de cabeça. Mas eu achei que com você as coisas pudessem ser diferentes.

Infelizmente não foram.

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Uma questão de sorte

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– Lembra de quando a gente se conheceu?

– Claro que lembro. Você me usou de fonte para aquela matéria maluca e eu soube que estava perdido no momento em que você entrou naquele estúdio.

– Eu te achei tão convencido… mas ainda assim as coincidências me fizeram aceitar a carona e o chope depois da entrevista.

– Lembra do que eu te disse mais tarde naquele dia, enquanto nos recuperávamos na minha cama?

– Que você não queria compromissos.

– E ainda assim fui me comprometendo cada vez mais com você, sem nem me dar conta do quanto estava envolvido.

– E um belo dia deixou de se comprometer, de se envolver… Quando foi que nos tornamos aquele casal que sempre detestamos tanto, que só sabe cobrar e criticar o outro?

– Não sei, mas deve ter sido na mesma época em que começamos a focar de mais no trabalho e de menos um no outro.

– Quando você começou a focar de mais no trabalho, você quer dizer, né?

– A culpa nunca foi só minha.

– Quem está falando em culpa? Mas você vai negar que seu trabalho sempre veio em primeiro lugar? Que você nunca tinha tempo pra viajar, pra fazer planos… Isso é o que mais dói, sabia? Com ela você parece ter todo o tempo que nunca teve comigo.

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– A gente aprende com os erros cometidos.

– Você tá me chamando de erro?

– Claro que não. Você foi o meu maior acerto, isso sim. Estou falando da falta de tempo, da falta de planos… de não ter me dado conta que você estava me escapando pouco a pouco, como areia por entre os dedos. Posso fazer uma última pergunta?

– Claro.

– Você se arrepende dos últimos nove anos?

– De verdade? Nunca. Você me fez sofrer muito, me fez chorar mais do que eu acharia humanamente possível, me machucou mais do que pode imaginar. Mas também me fez amar como nunca tinha amado antes, me fez rir em mais momentos do que sou capaz de contabilizar, me fez acreditar, me deu motivos para sonhar e para lutar pelos meus sonhos, me ensinou a lutar por aquilo que eu quero e desejo para a minha vida. Não deu certo, mas você foi o amor da minha vida pelos últimos nove anos e vai sempre fazer parte da minha história, mesmo que agora eu queira trancar essa história em uma caixinha qualquer e esconder a chave, para evitar a tentação de revisitá-la de tempos em tempos. Não me entenda mal, mas é que ainda dói. Mas não se preocupe, vai passar, um dia eu vou ser capaz de abrir a caixinha e apenas sorrir, tomada pelas boas lembranças do que vivemos juntos.

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– Obrigado.

– Pelo quê?

– Por todo o amor que você me deu.

– Não é algo pelo qual tenhamos controle.

– Eu sei, mas ainda assim você foi muito mais do que eu poderia esperar. Você me ensinou a amar de novo e isso não é pouca coisa.

– Pena que não foi suficiente…

– Você vai encontrar alguém melhor do que eu.

– Não tenho dúvidas disso. Pena que você não vai ter a mesma sorte!

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Nem todos são como ele

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Eu sei que ele te machucou e que, por isso, você acha que nunca mais vai ser capaz de amar de novo, de confiar em alguém como confiou nele um dia. Mas menina, nem todos são como ele. Alguns só querem a chance de ver como o seu rosto se ilumina quando você sorri. Alguns dariam a vida para ver aquelas duas covinhas se formando ou para arrancar toda a tristeza que o seu olhar carrega. Seus olhos não nasceram para carregar tamanha tristeza, menina. Logo eles, fonte de tanta alegria cada vez que você dispensa alguns segundos olhando para mim.

Eu sei que neste momento você quer odiar a ele, ao mundo e a si própria. Acha que esses óculos escuros, essas roupas pretas e a cara amarrada vai assustar qualquer um que queira se aproximar. Mas não se engane menina, se fechar para o mundo não vai fazer com que você se sinta melhor. Nem um pouco. E continuar nutrindo este ódio por ele também não. Na verdade, a melhor resposta que você pode dar para ele e para si mesma é se feliz novamente. É mostrar que apesar de tudo você é forte e deu a volta por cima. Eu sei que vai levar tempo, mas eu estou aqui, firme e forte esperando você perceber que nem todos são como ele. Que nem todos querem apenas brincar com o seu coração.

Eu sou paciente, menina. E sei que você não faz por mal. Ninguém quer se machucar e sentir toda essa dor novamente. Ninguém quer ver seu amor ser jogado fora como um balde de água suja. Você não é a primeira a sofrer assim e provavelmente não vai ser a última. Por isso, vai com calma nessa dor, menina. Não maltrate tanto assim o seu coração. Largue esse medo para trás, se dispa dessa dor e olhe ao redor, dê uma chance a quem quer te fazer feliz. A quem só está esperando uma chance para te mostrar que nem todos são como ele e que ser feliz é mais do que uma opção.

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Coisas que aprendi com a minha avó

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Minha avó paterna não era de muitas palavras, de muitas demonstrações públicas de afeto, mas se tem algo que ela me ensinou é que o sofrimento não nos mata, muito pelo contrário. Sejam traições, deslealdades ou simplesmente aquelas rasteiras inexplicáveis que a vida nos dá de vez em quando, a verdade é que a gente cai sim, mas a gente sempre levanta. E levanta melhor, levanta outra pessoa, mais forte, mais preparada para a próxima.

A primeira queda sempre dói, dói muito e a sensação que temos é de que não vamos aguentar, vamos morrer de tanto sofrer, mas não, ninguém morre por sofrer. A gente simplesmente aprende a transformar o sofrimento em algo mais, em força, em ensinamento. E assim, a próxima queda é menos dura. Vamos ficando mais cascudos, como diz um amigo meu. Não vamos mais deixando que qualquer coisa nos derrube, que qualquer um veja o nosso sofrimento. Não vamos dando armamento para o sofrimento, porque a verdade é que o sofrimento, assim como aquelas pessoas que não gostam da gente, se fortalecem com o sofrimento. Quanto mais sofremos, mais sofrimento atraímos. E pensar no que nos faz sofrer, não muda em absolutamente nada o momento. Precisamos é aprender com o que nos levou até ali, para que ele não se repita, pelo menos não no que pudermos evitar.

Não que eu ache que a gente deva evitar o sofrimento, muito pelo contrário, aprendi que é sofrendo que a gente cresce, que a gente anda pra frente, que a gente evolui. Mas não vale a pena ficar sofrendo pelo o que não vale a pena, pelo o que só traz mais sofrimento e não acrescenta nada. Pessoas desleais não merecem o nosso sofrimento. Pessoas que não sabem perceber o nosso valor também não. Quando aprendemos a separar o que realmente vale nossa dor, nossas lágrimas, nosso sofrimento, pelo o que não vale absolutamente nada, aprendemos a ser mais felizes.

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O dia em que eu fui embora

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É engraçado que sempre me lembro de você reclamando da minha péssima memória e da minha completa incapacidade de guardar nomes, datas e outras coisas que você considerava tão importantes. Mas se por um lado não sei dizer a cor da camisa que vesti hoje cedo para ir ao supermercado, sou capaz de descrever, com riqueza de detalhes, aquele sábado. O cinza lá de fora combinava perfeitamente com o meu estado de espírito. Aliás, há tempos eu não sabia o que era tempo bom aqui dentro. E se quer saber, continuo não sabendo.

Era claro que você não iria chorar na minha frente. Você sempre foi orgulhosa demais para isso, mas eu não precisava das suas lágrimas para enxergar o seu sofrimento. Ele era uma cópia exata do meu. E se eu sangrava por dentro, eu sabia que não era diferente dentro de você. Sempre fomos um espelho um do outro e mesmo um espelho rachado ainda é capaz de refletir a imagem colocada diante dele.

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Por uma ironia do destino você vestia exatamente aquela bata verde que eu tanto gostava em você e que geralmente eu fazia desaparecer do seu corpo na velocidade da luz. Sim, ela ficava linda em você, mas você ficava ainda mais linda nua, na minha cama. Mas ali, naquele clima pesado que parecia esperar apenas por uma fagulha para mandar tudo pelos ares, aquilo me parecia muito, muito distante.

Ao fechar a porta atrás de mim, libertando as lágrimas exatamente como eu sabia que você fazia do outro lado, um sol tímido saiu por detrás das nuvens, atingindo o meu rosto. Um sinal de que tudo aquilo iria passar? Quem sabe. Antes de eu sair, lutando contra as lágrimas, você me perguntou se eu deixei de te amar. Muito pelo contrário, talvez um dia você entenda que fechar aquela porta foi a maior prova de amor que eu poderia dar, para você e para mim.

 

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A gente aprende a respirar outra vez

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Sentada no parapeito da janela custo a perceber se o que me molha mais é a chuva que entra pela janela aberta ou as lágrimas que insistem em escorrer pelo meu rosto. Quanto tempo faz desde que você saiu? Uma hora, um dia, uma semana? Olho para fora e tenho a impressão de ver o seu rosto cheio de mágoa me encarando do outro lado da calçada, mas não tenho mais certeza do que é real e do que é apenas uma peça pregada pela minha mente cheia de culpa.  Uma culpa que pesa, que castiga, que me puxa para um espiral escuro onde não consigo respirar e me vejo repetindo mentalmente “não era para ser assim, não era para ser assim”.

Ligo o rádio na esperança de espantar o silêncio que dói mais no meu ouvido do que aquele seu grito de gol quando o Botafogo finalmente foi campeão brasileiro, mas até os programadores das rádios do Rio de Janeiro parecem estar com raiva de mim e todas as estações pelas quais passo estão em alguma espécie de complô, tocando apenas músicas que me fazem lembrar algum momento nosso e eu juro nunca mais criar trilha sonora para os meus relacionamentos, antes de me dar por vencida e deixar que o silêncio invada novamente a casa.

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Eu nunca quis ser a bruxa má, aquela que sussurraria o acabou que cairia no meio da sala como uma âncora afundando o barco, arrastando tudo o que visse pelo caminho em direção ao fundo do mar, abrindo o peito, dilacerando a alma, rasgando o coração, tornando impossível respirar. Mas a verdade é que mesmo não querendo, a gente mudou e postergar esse momento seria apenas empurrar o problema, seria trair tudo o que vivemos, mas principalmente, seria trair a nós mesmos. Uma separação nunca é justa, mas ela pode ao menos ser honesta.

A manhã traz com ela uma ventania que me desperta com o som de várias coisas caindo ao meu redor e apesar de toda a desordem sou capaz de respirar, ainda com dificuldade, mas um pouco melhor do que na véspera. A tendência é só melhorar. Pra você também!

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