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5 anos sem você

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Cinco anos se passaram e ainda dói, sabia? Há cinco anos o cara estranho não chega mais, não tenta esconder o grande coração que tinha, não tenta esconder o menino que vivia no corpo desengonçado do rapaz que fez meu coração disparar logo à primeira vista. Cinco anos sem você e a falta ainda sufoca, exatamente como no primeiro dia; eu só queria emergir e voltar a respirar sem sentir essa queimação no peito. Não, eu ainda não aprendi a ficar à vontade com a sua ausência. E não acho que vou aprender um dia. Como aprender a viver com a ausência de alguém que continua vivo dentro da gente?

Mesmo cinco anos depois eu ainda sonho com seu olhar de menino assustado, com seu sorriso tímido e com seus braços me envolvendo e dizendo que tudo ia dar certo. Eu ainda espalho seu perfume pelo travesseiro nas noites de insônia e ainda fecho os olhos com força, pedindo baixinho que tudo tenha sido um pesadelo e que a qualquer momento você entre pela porta cantarolando uma canção qualquer e me puxando para dançar pelo quarto. Como eu daria tudo por uma última dança com você.

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Eu me tornei uma pessoa pior nesses cinco anos, sabia? Não sei, explicar. Continuo trabalhando, indo almoçar com a família no domingo, encontrando as amigas de vez em quando, como eu sei que você gostaria que eu fizesse, mas é como se eu pudesse ver tudo de um outro ângulo. Não reconheço meu sorriso sem vida, não reconheço o olhar sem brilho, não reconheço a mulher sem planos que me tornei. Há cinco anos apenas vivo um dia atrás do outro, mecanicamente. É como se você tivesse levado o filtro que me fazia enxergar beleza nas pequenas coisas.

É como se tudo tivesse se tornado mais sem graça desde que você se foi. Só o céu que parece mais brilhante com a estrela que ganhou.

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Hoje eu chorei, mas não foi por você

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Hoje eu chorei, mas não foi por você. Depois de muito tempo percebi que o que dói não é a sua falta, mas os olhares de pena, os cochichos… é ver as pessoas medindo as palavras para não tocar no seu nome. É sentir que todos agem de modo pensado ao meu redor, como em uma coreografia muito bem ensaiada. O que dói é ter que explicar o que deu errado quando nem eu mesma sei a resposta. Algo precisa ter dado errado? Você decidiu que não queria mais e pronto. Saiu pela porta sem nem olhar para trás, como se não tivéssemos sonhado juntos, feito planos juntos, sido juntos.

Hoje eu chorei, mas não foi por você. Por que seria? Percebi que fiquei com o melhor de todos esses anos; a família que você me deu, os verdadeiros amigos que não tomaram partido e continuam aqui por mim e aí por você, onde quer que você esteja. Não sei e não quero saber. Já consigo até ver as fotos de nossas últimas viagens e sorrir diante de algumas lembranças.

Hoje eu chorei, mas não foi por você. Afinal, tudo o que eu preciso pra ser feliz continua bem aqui.

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Certifique-se de se levar por inteiro

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Você foi embora. Até aí tudo bem. Quer dizer, tudo bem nada, mas você estava sendo honesto com os seus sentimentos e fez o que achou ser o certo. Se eu não estiver com muita raiva no momento até consigo entender isso e admirar a sua atitude. Mas se era pra me deixar de repente, na calada do amor, que levasse tudo com você. Não sou obrigada a abrir a gaveta do banheiro e ser tomada como que por assalto pelo seu cheiro. Nem a  abrir o armário da cozinha e encontrar as latas organizadas por rótulos e tipo de alimento, me obrigando a derramar quase meio vidro do meu perfume preferido no banheiro, para que o meu cheiro se sobreponha ao seu e a fazer uma faxina na cozinha em pleno domingo às sete da manhã. Pelo menos as latas agora estão sem rótulos. Gosto assim, de surpresa, de não saber o que posso encontrar ao abrir determinada lata que pode ser de um monte de coisas. Se a vida é uma caixinha de surpresa por que não fazer o mesmo com as latas na cozinha?

Quanto a você, da próxima vez que for embora, certifique-se de se levar por inteiro.

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