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Te vejo mais tarde

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Quanto tempo faz desde que eu fui embora? Um ano, dois? Uma semana? É que parece que nem o tempo quer me deixar me afastar de você e te traz em sonho toda noite. Lembra que você costumava dizer que podia passar horas me vendo dormir? E que adorava me desenhar enquanto eu me perdia em sonhos? Sinto saudades dessa época. Desde que fui embora nunca mais dormi uma noite inteira.

Entre palavras não ditas e o tempo que parece ter congelado desde que eu saí por aquela porta, acordo sempre no mesmo ponto do sonho: você está parado diante de mim com um sorriso radiante no rosto, como naquela última noite, e eu me jogo em seus braços, gritando para todos os vizinhos ouvirem o quanto eu te amo e então digo o sim que você tanto esperava ouvir de minha boca e que o medo não me deixou dizer. Acordo com o coração acelerado, ligo a TV, me sirvo de qualquer bebida forte, mas nada é capaz de afastar a sensação de solidão, nada tira o peso dos ombros que carrego desde aquele dia. Evito o espelho porque são seus olhos tristes que vejo e não os meus vazios. É culpa, eu sei.

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Tento contar outra história para meus novos colegas, deixei o cabelo crescer, passei a usar batom vermelho e a abusar da maquiagem, mas o tempo não me deixa esquecer. Quando chega a noite eu sei que por mais que eu tente, não adianta as mentiras contadas, você vai estar ali, em meus sonhos, e neles não adianta o que eu inventei para aplacar a culpa. Penso em te ligar, mas palavras não bastam. Nosso tempo passou e a culpa foi minha.

Um dia você vai seguir em frente e eu não vou passar de uma história do passado. E eu vou continuar esperando as noites mal dormidas.

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Eu queria você aqui

Namoro-a-distancia

E um dia você me disse que deveríamos dar uma chance pra gente apesar dos quase 500 km de distância que nos separavam. Apesar do medo, o sentimento falou mais alto e a gente foi organizando nossas rotinas para fazer dar certo. Afinal, o que são 500 km frente a duas pessoas que se gostam, querem estar juntas e compartilhar momentos?

A gente se virava nos 30 e cada final de semana prolongado, feriado ou folga ajeitada com o chefe era comemorado como um gol em final de Copa do Mundo e a gente se acostumou. A gente sempre se acostuma. Mas agora, que você está indo para ainda mais longe me dou conta de que nunca foi fácil. Não houve um dia em que eu não tenha sentido falta do seu abraço, que eu não tenha fechado meus olhos com força e pedido que a voz não estivesse saindo pelo telefone, mas que estivesse ali, ao meu lado, que eu não tenha sonhado em ver seu sorriso torto se abrindo pra mim a qualquer hora do dia ou da noite. E eu, sempre viciada em relógios, passei a ter birra deles e de seus tic-tac pesados fazendo questão de pontuar cada segundo a menos em nossos encontros. Porque a verdade é que por mais que tentássemos agir como se a distância não existisse quando juntos, o tempo estava sempre pairando sobre a gente, se fazendo presente como aquela visita inconveniente que surge sem ser convidada.

E agora que tudo parecia que ia dar certo pra gente a vida vem e te leva pra mais longe e eu me vejo como uma menininha pequena, frágil diante da mudança, com medo do futuro. Porque por mais que haja amor, a distância ainda fere.

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